Originalmente lançado no Japão em 1995 para a Super Famicom, Rendering Ranger: R² é um daqueles jogos lendários que poucos tiveram oportunidade de jogar. Com uma produção limitada a cerca de 10.000 cópias, tornou-se rapidamente um item de colecionador e ganhou estatuto de culto entre os fãs de jogos retro. Agora, graças à Limited Run Games e ao seu Carbon Engine, o título regressa na versão Rewind, numa adaptação que respeita a obra original e a torna finalmente acessível ao grande público.

Desenvolvido por Manfred Trenz, o criador da icónica série Turrican, Rendering Ranger apresenta uma combinação ousada de géneros. O jogador alterna entre fases de ação em plataforma, que remetem para jogos como Contra, e níveis de tiro horizontal no estilo clássico de R-Type. Esta fusão entre run-and-gun e shoot’em up não só funciona surpreendentemente bem, como contribui para uma experiência de jogo variada, dinâmica e intensamente desafiante.
O protagonista, um soldado solitário apelidado apenas de “Ranger R²”, enfrenta ondas de inimigos mecanizados com um arsenal diversificado. As fases de plataforma destacam-se pela sua precisão exigente, enquanto as fases de nave elevam o ritmo com combates frenéticos, cheios de projéteis e bosses colossais. A dificuldade é elevada, como seria de esperar de um título dos anos 90, e os jogadores são constantemente postos à prova.

No que toca aos visuais, o jogo surpreende ainda hoje. Utilizando sprites pré-renderizados, Rendering Ranger foi, na sua época, um verdadeiro feito técnico na Super Nintendo. Esta nova versão mantém toda essa estética retro, mas introduz melhorias subtis que melhoram a experiência sem desvirtuar o original. As animações continuam fluidas, os cenários são ricos em detalhe e o design dos inimigos permanece visualmente apelativo.
A versão Rewind traz consigo várias funcionalidades modernas que tornam o jogo mais acessível, sem comprometer o seu carácter desafiante. A possibilidade de rebobinar o tempo após um erro é particularmente útil para aprender os padrões de inimigos e evitar frustrações repetitivas. Além disso, a inclusão de um sistema de gravação permite guardar o progresso a qualquer altura, o que é ideal para sessões curtas ou para contornar secções mais exigentes. Há ainda a adição de uma versão protótipo do jogo, conhecida como “Targa”, que nunca chegou a ser lançada oficialmente e que agora pode ser jogada pelos curiosos.
Mesmo com estas ajudas, o jogo mantém a sua alma intacta. Continua a ser exigente, meticuloso e por vezes implacável. As fases de nave são particularmente desafiantes, com padrões de ataque complexos que exigem movimentos quase coreografados. A curva de dificuldade é acentuada, mas nunca injusta, e recompensa os jogadores que persistirem.
A componente sonora é outro ponto alto. A banda sonora é energética e acompanha perfeitamente o tom acelerado da ação. Os efeitos sonoros, por sua vez, são impactantes e reforçam a intensidade de cada combate.

Em resumo, Rendering Ranger: R² [Rewind] é mais do que uma simples reedição. É uma recuperação cuidadosa de uma relíquia do passado, modernizada o suficiente para ser desfrutada hoje, mas sem perder a sua essência. É uma experiência que agradará tanto aos nostálgicos da era 16-bit como a novos jogadores interessados em descobrir pérolas escondidas da história dos videojogos. Pela sua jogabilidade variada, apresentação técnica impressionante e respeito pela herança retro, este é um título que merece ser redescoberto.