O ano de 2023 foi, sem dúvida, um dos melhores anos no que toca a lançamento de videojogos. Baldur’s Gate 3, Marvel’s Spider-Man 2, Resident Evil 4, Diablo IV, Hogwarts Legacy, enfim, uma lista enorme de títulos que ficarão na memória dos jogadores. Mas dentro dessa lista, existe um jogo que se destacou não pela sua publicidade, que foi quase nula, mas pela sua qualidade, que fez com que a imprensa se rendesse por completo. Falo-vos, claro (como já perceberam pelo título), de HiFi Rush.


Publicado pela Bethesda e produzido pela Tango Gameworks (The Evil Within, Ghostwire: Tokyo), HiFi Rush é um jogo de ação na terceira pessoa, com elementos de plataformas, mas o que o separa de tudo o resto é que também se trata de um jogo rítmico. Chai, o protagonista do jogo, um jovem que tem o sonho de ser uma estrela de rock, mas, ironicamente que tem um braço inutilizado, vai à Vandelay Industries para tentar entrar no projeto Armstrong, um projeto teste que promete próteses inovadoras para a população. Mas durante o procedimento, Kale Vandelay, o CEO da empresa, atira um leitor de MP3 que acidentalmente cai no peito de Chai durante o processo da colocação da prótese, e o mesmo se funde com o corpo de Chai. Isto faz com que o nosso protagonista ganhe não só um braço metálico, mas também habilidades rítmicas.

Apesar de parecer um Hack n’ Slash da era 128 bits, HiFi Rush é muito mais do que isso, pois o combate tem a particularidade de podermos ritmar os golpes, e quando conseguimos criar uma sequência de golpes no ritmo certo, podemos acabar com um ataque mais poderoso. Não só os golpes podem ser ritmados, mas também os desvios, bloqueio, saltos, enfim, tudo o que fazemos, se for ritmado, tem bónus associados. O jogo faz um trabalho perfeito em nos dar indicadores visuais e sonoros do ritmo. Temos 808, o nosso companheiro gato robótico, que para além de nos trazer os nossos companheiros para nos ajudar em batalha, também nos ajuda a “visualizar” o ritmo. O cenário também tem indicadores visuais de ritmo, seja uma válvula na parede, uma sebe no jardim, e até mesmo o nosso personagem a estalar os dedos quando está parado. Em alternativa, podemos ainda carregar numa tecla e automaticamente aparece uma barra horizontal que nos mostra o ritmo de forma mais clara. Se mesmo assim não for suficiente, o jogo tem opções de acessibilidade que podemos alterar a nosso gosto, fazendo com que o jogo nos perdoe mais a falha de ritmo, ou até mesmo automatize algumas mecânicas.

O jogo está dividido por níveis, em que temos de chegar de ponto A a ponto B, onde por norma encontramos um Boss. É um conceito que não tem conseguido inovar muito, mas a Tango Gameworks conseguiu manter a fórmula fresca, e não houve um único momento em que eu tenha estado aborrecido. A moeda de troca no jogo é sucata, sucata essa que encontramos ao derrotar inimigos, completando desafios e também espalhada nos níveis. A sucata serve para adquirir novas habilidades para Chai, assim como habilidades especiais. Para além disso, também podemos encontrar pedaços de objetos que nos aumentam a vida máxima, energia máxima, e chips danificados que podemos trocar por chips funcionais para equipar o nosso personagem. As zonas escondidas muitas vezes estão hidden in plain sight, e nunca senti que procurar por conteúdo extra fosse uma tarefa aborrecida.

HiFi Rush tem um estilo visual cel shading cartoonesco, muitas vezes fazendo lembrar Scott Pilgrim, e não só no visual, mas também na forma como a história está contada. O enredo do jogo não inventa a roda, mas a forma como está contada é fresca, com piada, e muitas referências à cultura pop. Os personagens têm um bom desenvolvimento ao longo do jogo, não só nas cutscenes, mas também em diálogos durante os combates/exploração. Entre missões, podemos explorar o esconderijo da nossa equipa, onde também podemos conversar com eles e perceber melhor cada um dos nossos companheiros. Apesar de ser uma campanha que dura apenas cerca de 14 horas, cheguei ao fim do jogo bastante apegado a cada um daqueles personagens.
Depois de concluída a história, podemos revisitar os níveis para melhorar o nosso rank e entrar em zonas que estavam anteriormente bloqueadas por falta de habilidades. Para além disso, desbloqueamos uma loja de fatos para os nossos personagens, comprar músicas e modelos dos personagens, e são também introduzidos alguns modos de jogo extra: Power Up Tower Up, BPM Rush, e Rhythm Tower. Todos estes modos são bastante divertidos e desafiantes, pois caso tentar Rank S em todas as missões não seja suficiente para vocês, têm aqui uma alternativa para duplicar ou triplicar o número de horas de jogo.



A Tango Gameworks conseguiu entregar um jogo que acerta em praticamente tudo, com uma simbiose perfeita entre som, visuais e jogabilidade, e entregando ainda uma história muito bem contada, numa campanha linear, mas com novidades em cada esquina e bosses memoráveis. É uma pena terem fechado o estúdio da forma que o fizeram depois de tantos prémios recebidos e pela receção que tiveram por parte da imprensa e dos jogadores, sem precisarem de apostar muito no marketing.
NOTA
Visuais: 5.0 out of 5.0 stars
Jogabilidade: 4.5 out of 5.0 stars
Audio: 5.0 out of 5.0 stars
História: 4.0 out of 5.0 stars
Longevidade: 5.0 out of 5.0 stars
NOTA FINAL
5.0 out of 5.0 stars