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Análises

Análise: Dragon Ball: Sparking! Zero

Em outubro de 2007 chegou-me às mãos uma cópia de Dragon Ball Z: Sparking! Meteor, a versão japonesa de Dragon Ball Z: Budokai Tenkaichi 3. Para além de não perceber nada do que estava no ecrã, a grande diferença para a sua versão ocidental é que os personagens tinham as vozes originais, e as músicas do jogo eram faixas da banda sonora da série, assim como algumas openings lendárias que davam outra magia ao combate. Passados 17 anos, chega-nos Sparking! Zero, que apesar da Spike Chunsoft ter lançado outros jogos na era PS3, é o título que serve como “sequela” para esse lendário jogo que tantas alegrias me deu nesta minha segunda metade de vida.

Vão reparar que vou falar muito de Sparking! Meteor nesta análise, pois assim como a Bandai nos quer vender Sparking! Zero como sequela desse título, eu também os vou querer comparar. Em 17 anos e 3 gerações de consolas, muita coisa mudou, mas os jogos não são assim tão diferentes quanto isso.

Dragon Ball: Sparking! Zero é um jogo de luta em campos abertos, onde com os nossos personagens favoritos da franquia podemos brincar com os golpes e habilidades mais icónicos da série. Não é um jogo que deva ser levado a sério dentro do género “Luta”, pois para isso temos o FighterZ da Arc System Works, por isso, se procuram um título que vos leve à próxima EVO, este não é para vocês. Sparking! Zero é uma carta de amor a milhões de fãs espalhados pelo mundo inteiro, mas isso não quer dizer que o jogo não tenha muitas arestas para limar, porque tem, e não são poucas.

Mas falando do que realmente interessa: o combate. A Spike Chunsoft jogou pelo seguro e converteu Budokai Tenkaichi para a mais recente geração de consolas e PC. Batalhas em campos enormes, onde temos de perseguir os nossos inimigos a alta velocidade, troca de golpes frenética, feixes de luz e gritaria por todo o lado — tudo aquilo que as batalhas de Dragon Ball devem ter. Quem ainda sabe jogar Tenkaichi 3, vai-se sentir em casa em Sparking! Zero, ainda por cima existe a opção de jogar com os mesmos controlos que no título anterior. Foram apenas adicionadas as Super Perceptions e os Revenge Counters, duas novas formas de nos safarmos de combos.

Os modelos dos personagens (quase todos) estão melhores que nunca, e os efeitos das habilidades estão incríveis. Pessoalmente, não sou grande fã do Ultra Instinct Goku, mas neste jogo está tão bem representado que jogo com ele só pela beleza do personagem. Neste departamento, só tenho a apontar que o jogo sofre do seu sucesso, pois a aura dos personagens quando carregamos a energia ocupa metade do ecrã, e a poeira deixada no cenário pela consequência dos nossos ataques mais poderosos torna muitas vezes difícil a tarefa de perceber o que se passa com o nosso adversário.

Há jogos com menus menos inspirados, e é algo que não falo muito, mas em Sparking! Zero é algo que não consigo deixar passar. Ao contrário dos seus antecessores, os menus são desinspirados. Em vez de ter algo arrumadinho e rápido, decidiram meter menus com cutscenes renderizadas em tempo real de fundo, e cada vez que selecionamos uma secção, o menu muda para outro cenário, o que faz com que a navegação seja lenta. Já que estou a falar de más escolhas artísticas, vou falar do modo de história, “Episode Battle”.

O modo de história é composto por 8 personagens: Goku, Vegeta, Gohan, Piccolo, Future Trunks, Freeza, Goku Black e Jiren. Cada história tem um “tabuleiro” onde escolhemos a batalha, e algumas batalhas podem bifurcar para caminhos alternativos, caso completemos a batalha de forma diferente do que é suposto (por exemplo, e tentando não dar muitos spoilers, derrotar o Freeza sem Spirit Bomb). Esses novos caminhos abrem desfechos diferentes na história, ou outros mudam apenas um ou dois aspetos da história, e acaba por voltar tudo ao normal. Cenários “What If” não são novidade em Dragon Ball, e não esperem encontrar aqui novos cenários que acrescentem muito ao universo. A história do jogo é apresentada por cutscenes paradas, mais parecem slideshows do que propriamente com vídeo, o que é uma pena, pois recentemente tivemos o Dragon Ball Kakarot que fez um trabalho exemplar nesse campo. Também se sente a falta de vozes e música na maior parte dos momentos de história, e mesmo em partes em que existe um trabalho vocal, o mesmo por vezes parece um frete ou que é uma paródia. O exemplo mais notavel disto é com o Cell na sua versão japonesa, em que o lendário Norio Wakamoto, parece que tem uma arma apontada à cabeça enquanto entrega as falas de Cell. Outro motivo que me faz não gostar deste modo de jogo é o facto do CPU spammar ataques e conseguir fazer counter a quase tudo. Não é difícil, mas torna-se frustrante, principalmente quando temos de derrotar um inimigo em x tempo (coisa que o jogo nunca nos diz ao certo quanto é, e alguns objetivos têm a descrição errada) e não conseguimos porque perdemos demasiado tempo a tentar sair de vários combos.

O jogo também nos dá a possibilidade de criarmos as nossas próprias histórias. No papel, é uma ótima ideia, mas na prática é apenas mais uma gimmick que não me vejo a usar. Estes cenários são apenas uma batalha, em que podemos escolher as falas dos personagens dentro de uma base de dados pré-definida. Para além disto, temos os modos de torneio, e todos os torneios do antecessor estão disponíveis, incluindo o Yamcha Game, assim como a adição dos novos torneios apresentados em Dragon Ball Super. Por fim, temos o modo online e o modo Versus Offline. Aqui, temos apenas que salientar o facto de, em local vs, apenas ser possível jogar em ecrã dividido na Hyperbolic Time Chamber, o mapa mais vazio e monocromático de todos. Existem apenas 12 mapas, o que é muito pouco, visto que existem novas localizações apresentadas nas mais recentes séries de Dragon Ball. Tenho de realçar que estão ausentes o “Kami Lookout” e a “Kame House”, duas das localizações mais icónicas do universo.

Dragon Ball: Sparking! Zero tem o maior leque de personagens de um jogo de Dragon Ball: 182, 183 caso tenham feito a pré-compra do jogo, e com a promessa de mais que virão por DLC. Existem algumas baixas de peso que estavam presentes no jogo anterior, como Tao Pai Pai e Super C17, mas ignorando isso, o roster é bastante bom. Podemos adquirir fatos alternativos, e nos vídeos promocionais mostraram que é possível customizar os personagens, mas não é bem assim. Podemos sim, mas dentro dos limites de como os vimos na série, e são mudanças muito simples, como tirar e meter um Scouter num Saiyan.

Se tal como eu, são fãs de Sparking! Meteor, vão sentir falta da banda sonora da série. Tal como este tipo de jogos de luta de anime nos habituou, a banda sonora não é má, mas está longe de ser memorável como na série. Mais uma vez estou a ser picuinhas, mas a Bandai está a vender as músicas da série como DLC, divididas em dois pacotes que custam 14,99€ cada. Ou seja, são precisos 29,98€ para podermos ouvir as lendárias faixas de Hironobu Kageyama num jogo que tem “Sparking!” no nome por sua causa.

Quem lê isto acha que odeio o jogo, mas a verdade é que Sparking! Zero é um ótimo jogo de Dragon Ball, mas que precisa de algum trabalho. A série “Budokai” saía todos os anos, e eram jogos que de ano para ano tinham melhorias significativas, por isso espero que com o tempo, este título consiga ultrapassar os seus maiores problemas através de patches. É um jogo divertido de jogar com amigos e com um leque enorme de personagens, em que é mais difícil escolher um personagem do que aborrecermo-nos com falta de novidades.

NOTA FINAL

4.0 out of 5.0 stars

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