Lançado em 2013, Outlast foi um dos grandes revivalistas do Survival Horror nos videojogos. Muitos jogos do género foram aparecendo desde então, e em 2024, chega-nos A Quiet Place: The Road Ahead, que, apesar de ser um título em que eu não tinha grande interesse, acabou por se tornar uma das minhas maiores surpresas.
O primeiro filme da série saiu em 2018, tornando-se num clássico instantâneo dentro do género. A premissa é simples: existem monstros a vaguear pela Terra que, apesar de cegos, conseguem ouvir demasiado bem e matam humanos sem discriminar, o que faz com que toda a população sobrevivente tente viver em silêncio total. Em teoria, isto daria um ótimo videojogo, e a Storming Games entregou-nos um título que faz justiça ao amor que os fãs têm pelos filmes.
Em A Quiet Place: The Road Ahead controlamos Alex Taylor na sua jornada para chegar do Ponto A ao Ponto B. Qualquer coisa que revele além disto sobre a sua história será considerado spoiler, pois, apesar de ser um jogo que dura cerca de 8 a 10 horas, é uma jornada muito solitária, e raros são os momentos narrativos. Apesar desse facto, adorei a história do jogo. Passa-se entre A Quiet Place Day 1 e o título original; para os mais entendidos na matéria, decorre a partir do 119.º dia após a invasão dos monstros. Como já referi, são poucos os momentos narrativos, mas são quase todos fortes e agarram-nos aos personagens de forma sublime.
Comecei esta análise por fazer referência a Outlast, e este jogo segue essa linha de terror em que não existe combate. Alex parte equipada com um fonómetro artesanal, que nos permite perceber se estamos a fazer demasiado barulho face ao barulho de fundo do cenário. Ao ultrapassarmos esse nível, os monstros ficam em alerta e podem mesmo vir atrás de nós. Ao longo da jornada, vamos arranjando novos utensílios, alguns permanentes, outros que só servem para determinadas ocasiões. Mas não é só o som que produzimos que devemos ter em conta; também temos de estar constantemente a lutar contra a asma de Alex. Sempre que estamos perto de um monstro, a ansiedade de Alex aumenta, e, assim como quando carregamos pesos ou se estivermos numa zona com muita poeira, os pulmões dela começam a falhar. Se tivermos connosco bombas para a asma, podemos melhorar a sua condição; caso contrário, volta e meia temos de acertar um QTE, para que Alex não comece a tossir.
O jogo é bastante linear, e só bifurca de tempos a tempos onde, no final, há um colecionável. Dado o tipo de jogo, não é algo que me tenha feito muita confusão, pois é um jogo em que temos de andar muito, mas muito devagar, e que não permite passear pelo mapa a ver as vistas. O visual cumpre, não sendo o último grito gráfico, mas tem cenários ao ar livre lindíssimos, os monstros estão incríveis, e o ambiente em zonas escuras é maravilhoso, muito graças ao trabalho sonoro, que é fantástico. Cada tipo de cenário tem diferentes intensidades de som, o que se torna importante para a forma como jogamos; pois, por vezes, temos de encontrar forma de atravessar zonas que fazem, permitindo a expressão, um cagaçal enorme sem que façamos tanto barulho. Para quem quer um desafio ainda maior, o jogo tem um modo que permite usar o microfone, em que os sons que produzimos também contam para alertar os monstros. Ainda existem colecionáveis que nos dão pontos para comprar extras no menu, que são sempre uma boa desculpa para voltar a pegar nesta belissima jornada.
Não era um jogo que tivesse na minha mira, mas acabou por ser uma das maiores surpresas que tive este ano. Aposto que vai passar também debaixo do radar de muita gente, mas é um título a não perder, não só para os fãs da saga, mas também para os fãs de Survival Horror, ainda por cima sendo um título que custa apenas 29,99€.
NOTA FINAL
4.0 out of 5.0 stars